Waack: Imagem do Planalto na questão ambiental já virou cinzas

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Waack: Imagem do Planalto na questão ambiental já virou cinzas

Quando Belém, a capital do Pará, foi confirmada como sede da COP 30 — a trigésima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, que ocorrerá no próximo ano —, o presidente Lula (PT) expressou grande entusiasmo.

“O mundo poderá discutir a importância da Amazônia vendo como é a Amazônia”, disse Lula.

Mas será que a discussão será sobre como a Amazônia está queimando lá?

Nos últimos dias, o Brasil tornou-se um dos maiores emissores de gases que provocam o efeito estufa, contribuindo significativamente para as mudanças climáticas.

Grande parte dessa emissão é atribuída aos incêndios na Amazônia, embora o Cerrado e o Pantanal também estejam fortemente atingidos.

É fácil para o governo afirmar que a culpa é das mudanças climáticas e da falta de compreensão da sociedade sobre os riscos do uso do fogo para preparar terras para cultivo ou pastagens.

No entanto, 70% dos incêndios ocorridos em agosto foram em vegetação nativa.

O mais difícil é admitir que este governo também se revela impotente diante de uma tragédia que tem múltiplas e complexas causas.

Mas não é o governo que se julgava detentor das melhores credenciais para tratar de questões ambientais?

Essas credenciais, se alguma vez foram reais e não apenas marketing político, foram rapidamente dissipadas.

Os incêndios, aparentemente incontroláveis, colocam o Brasil em uma posição muito difícil para negociar acordos comerciais que considerem questões ambientais, como ocorre com a Europa.

Eles projetam uma imagem extremamente negativa de um país que não consegue gerenciar sequer o que é seu.

Agora é discurso atrás de discurso, plano atrás de plano, e muitas reuniões para discutir as queimadas.

Talvez o Planalto ainda acredite que possa salvar algo de sua imagem em relação ao meio ambiente. No entanto, ela está se transformando em cinzas.