A diretoria do Banco Central tem votado de forma coesa e unânime, mostrando compromisso com a meta de inflação, disse nesta sexta-feira o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, ressaltando ter confiança de que esse comprometimento será mentido após o fim de seu mandato.
As declarações vêm após o Comitê de Política Monetária (Copom) tomar as duas últimas decisões para a taxa básica de juros de maneira unânime, com o endurecimento no tom de suas comunicações também apoiado pelos diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O Banco Central tem votado de forma coesa e unânime, mostrando seu compromisso com o atingimento da meta”, disse Campos Neto em cerimônia da Ordem dos Economistas do Brasil, onde recebeu a homenagem Economista do Ano de 2024.
“Tivemos conversas importantes nos últimos meses entre os membros do Banco Central sobre a importância de proteger a credibilidade com decisões técnicas, e o BC tem demonstrado isso”, acrescentou.
Em sua reunião de julho, o BC manteve a taxa Selic em 10,50% ao ano e passou a afirmar em sua comunicação, com apoio de todos os diretores, que não hesitará a elevar os juros para atingir a meta de 3% para a inflação se necessário.
No discurso, Campos Neto disse ainda que os dados correntes observados na economia estão melhores do que o indicado pelos preços de mercado.
“A gente tem um mercado de trabalho indo super bem, abaixo de 7% de desemprego, um crescimento acima do esperado nos últimos quatro anos, balanços externos bastante sólidos apesar de uma ligeira piora nos termos de troca mais recentes, e um crescimento de crédito”, citou.
Para o presidente do BC, o que se observa atualmente é “um problema de expectativa com relação às políticas futuras”, tanto a fiscal quanto a monetária. Nesse sentido, ele afirmou que o BC tem buscado dirimir ruídos no mercado.
“O BC tem demonstrado um comportamento bastante técnico, tem tentado ficar um pouco distante do ruído político, do ruído do dia a dia, e eu acho que a instituição tem crescido muito com a autonomia”, afirmou, citando que muitas vezes o BC está no meio de uma “guerra política”.