O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, foi aplaudido de pé durante um culto evangélico ao criticar a criminalização de mulheres vítimas de estupro que praticam o aborto, na noite de sexta-feira (21).
Segundo Almeida, “quem quer que uma mulher que foi estuprada seja presa está envenenado pela ideologia do ódio”.
A declaração do ministro foi feita em um evento evangélico na Igreja Batista da Água Branca, do pastor Ed René Kivitz, na zona oeste de São Paulo.
“Está em engano, está envenenado pela ideologia do ódio quem defende que os jovens negros sejam exterminados pela polícia. Porque está em engano e está envenenado pela ideologia do ódio quem defende uma política de segurança pública que quer buscar transformar policiais em matadores e leva os policiais à morte, ao desespero e ao suicídio”, disse o ministro.
“Quem defende uma política violenta não é amigo dos policiais, é inimigo dos policiais. Porque está em engano e está envenenado pela ideologia do ódio quem quer que uma mulher que foi estuprada seja presa”, acrescentou.
A Câmara dos Deputados aprovou, no último dia 12, o regime de urgência para projeto de lei que equipara o aborto após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio simples. A urgência, na prática, permite que a proposta tramite mais rápido na Casa, indo diretamente ao plenário.
O projeto foi proposto pelo deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e mais 32 coautores. A maioria das assinaturas é de parlamentares do Partido Liberal (PL), principal legenda da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O projeto divide parlamentares na Câmara.
Em outro trecho do discurso, o ministro criticou também a política armamentista e soltou indiretas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), um dos entusiastas da liberação da posse e porte de armas.
“Pode a religião desse Deus gostar de armas, gostar de violência? Pode a religião que cultua um homem que foi torturado defender camisetas com nome de torturador? Eu acho que não pode”, disse o ministro.
Segundo Almeida, “polarização é você divergir, talvez sobre questões que são relevantes, que são importantes, mas não há polarização entre a democracia de um lado e entre fascismo e morte do outro. Isso não é polarização”.