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No dia do primeiro turno das eleições presidenciais deste domingo (16), o Chile enfrenta um paradoxo que domina o debate público: a segurança tornou-se o principal tema da campanha, embora o país apresente índices de violência muito inferiores aos de seus vizinhos latino-americanos.
Segundo pesquisa da Ipsos divulgada em outubro, 63% dos chilenos adultos afirmam que crime e violência são suas maiores preocupações, uma taxa de inquietação superior à registrada no México (59%) e na Colômbia (45%), apesar de esses países apresentarem índices de homicídio mais de quatro vezes maiores. No Brasil, essa preocupação atinge 40% da população.
Entre 30 países analisados no levantamento, o Chile aparece com a segunda maior taxa de preocupação com segurança, atrás apenas do Peru, que também registra mais homicídios. O mesmo padrão se repete em outros estudos. O relatório global de segurança 2025, da Gallup, aponta que o Chile é o sexto país entre 144 onde menos pessoas se dizem seguras ao caminhar pelo próprio bairro durante a noite.
Esse sentimento contrasta com os indicadores oficiais: com seis homicídios por 100 mil habitantes, o Chile está distante dos epicentros da violência na América Latina e mundo afora. Ainda assim, a percepção de insegurança se tornou combustível político e pauta central da disputa eleitoral, influenciando discursos, propostas de campanha e a forma como parte do eleitorado enxerga o futuro do país.
Esse descompasso entre realidade e percepção tem impactado diretamente a disputa presidencial. A candidata governista Jeannette Jara, do Partido Comunista, aparece na liderança das pesquisas.
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Enquanto isso, três nomes da direita surgem bem posicionados para disputar uma vaga no segundo turno: José Antonio Kast, do Partido Republicano, identificado como direita radical; Evelyn Matthei, da coalizão Chile Vamos, representante da centro-direita tradicional; Johannes Kaiser, do Partido Nacional Libertário, que se coloca ainda mais à direita do que Kast.
Com a segurança pública no centro da campanha e uma percepção de medo muito acima dos indicadores objetivos de violência, o Chile caminha para uma eleição marcada por tensões, polarização e diferentes projetos de enfrentamento ao crime.
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