Parkinson: dispositivos cerebrais marcam nova era no tratamento

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Parkinson: dispositivos cerebrais marcam nova era no tratamento
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Doença de Parkinson: colapso de neurônios que controlam os movimentos do corpo (Foto: GI/Getty Images)

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Mais de 11 milhões de pessoas no mundo convivem com a doença de Parkinson, um distúrbio marcado pela degeneração de neurônios por trás de tremores, rigidez e instabilidade postural que pode progredir e rebaixar significativamente a qualidade de vida. E esse número, de acordo com uma projeção recém-publicada no periódico The British Medical Journal, deverá saltar para 25 milhões de indivíduos em 2050.

Em geral associado ao avançar da idade, o quadro, que afeta ao menos 200 000 brasileiros, é caracterizado pela destruição de células de uma área do cérebro chamada substância negra – esses neurônios produzem dopamina e são responsáveis pelo controle dos movimentos. 

Incurável e progressiva, a doença ao menos pode ser mitigada e controlada com medicamentos, programas de fisioterapia e atividade física guiada e, no caso da falha dos fármacos ou da gravidade das manifestações, com procedimentos como a estimulação cerebral profunda, uma espécie de marca-passo que estimula regiões específicas do cérebro.

No Dia Mundial do Parkinson, que busca conscientizar a sociedade sobre o tema, a empresa americana Medtronic, uma das pioneiras na tecnologia de estimulação cerebral profunda (conhecida tecnicamente como DBS, do inglês deep brain stimulation), anunciou a chegada ao Brasil da nova geração de seu dispositivo voltado à condição.

A principal novidade em relação ao equipamento já disponível no mercado e capaz de controlar, segundo estudos, até 80% dos tremores, é o fato de ele ser recarregável. Se o marca-passo cerebral atual precisa ser substituído a cada cinco anos em função da bateria, a nova versão promete durar ao menos uma década e meia.

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Nova geração do dispositivo implantável da Medtronic tem 5,7 cm de altura, 4,7 cm de largura e 0,9 cm de espessura (Foto: Medtronic/Divulgação)

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Como funciona

A estimulação cerebral profunda depende de uma pequena cirurgia para instalar o dispositivo dentro do crânio. O “marca-passo” dispara estímulos elétricos aos neurônios de algumas regiões a fim de modular sua atividade e reduzir os sintomas da doença, como os tremores e a rigidez involuntária.

A nova geração da tecnologia da Medtronic, chamada Percept RC, tem o diferencial, em relação à versão anterior, de ser recarregável, podendo exigir outro procedimento cirúrgico para troca do aparelho apenas 15 anos depois – atualmente, a cada cinco anos é preciso fazer a substituição.

O equipamento, anunciado como o menor da categoria, também conta com um sistema que permite captar e oferecer dados da condição do paciente com o objetivo de individualizar e calibrar os impulsos emitidos e a terapia, de acordo com a resposta e a evolução do usuário.

“Esse gerador não apenas estimula as atividades elétricas cerebrais, mas também é capaz de registrar a atividade eletrofisiológica associada à doença. Isso permite ajustes mais precisos no tratamento, oferecendo aos pacientes uma experiência personalizada e uma qualidade de vida significativamente melhor”, diz o neurocirurgião funcional Murilo Marinho, da Rede D’Or São Luiz, em São Paulo.

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Em geral, a estimulação profunda é considerada uma opção terapêutica quando os remédios, por si só, já não conseguem controlar os sintomas ou seus efeitos colaterais são intoleráveis para o paciente. O tratamento, claro, não se resume ao procedimento e ao marca-passo.

“A doença de Parkinson requer um cuidado multidisciplinar, que engloba medicamentos adequados, atividade física, reabilitação e tratamento cirúrgico em casos selecionados”, explica Marinho.

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Avanço das terapias

Uma das líderes globais do mercado de neuromodulação, a companhia americana Boston Scientific também tem seu modelo de dispositivo para estimulação cerebral profunda direcionado a brasileiros com Parkinson. Com mais de dez anos de uso clínico, o “marca-passo” recarregável Vercise Genus está em sua terceira geração e hoje permite que o paciente tenha de fazer apenas uma recarga por mês.

A empresa ainda destaca que seu gerador é o único disponível compatível com uma tecnologia que permite ver, através de exames de imagem, a posição exata do eletrodo no cérebro, permitindo que a programação do tratamento seja mais fácil, rápida e assertiva.

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“Em um estudo com pacientes já implantados com DBS que não estavam respondendo à terapia, 84% deles tiveram uma melhora motora e de qualidade de vida e 29% registraram reduções nas medicações utilizadas para o controle da doença após a programação guiada por imagem”, diz Lucas Silva, diretor de neuromodulação da Boston Scientific no Brasil.

Além da terapia de estimulação profunda, estudos em fase clínica apontam para um horizonte com novos remédios de efeito expressivo. É o caso da tavapadon, uma molécula da farmacêutica Abbvie na reta final de pesquisas – e, por isso, ainda não aprovada e disponível no país.

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