ONU condena “ataque aéreo ilegal” de Israel na Cisjordânia que deixou 18 mortos

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ONU condena “ataque aéreo ilegal” de Israel na Cisjordânia que deixou 18 mortos

O Escritório de Direitos Humanos da ONU condenou “veemente” o que classificou como um “ataque aéreo ilegal” de Israel no campo de Tulkarem, na Cisjordânia ocupada. A agência pediu ainda por responsabilização e proteção para civis.

Segundo a ONU, as forças israelenses bombardearam um prédio residencial em uma área que é densamente povoada na quinta-feira (3), deixando 18 palestinos mortos. O ataque teria destruído completamente o edifício e danificado casas próximas.

Os militares de Israel afirmaram nesta sexta-feira (4) que mataram um chefe do Hamas na Cisjordânia com o ataque.

O gabinete do primeiro-ministro da Autoridade Palestina condenou o ataque, chamando-o de “crime hediondo”. Também exigiu ação urgente da comunidade internacional para que a ofensiva israelense acabe.

As informações coletadas pelo Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos indicam que a maioria das vítimas não estava armada ou era procurada pelas forças de Israel.

Entre os mortos está uma família de cinco pessoas, incluindo duas crianças, que moravam no prédio atacado. No total, pelo menos três crianças e duas mulheres morreram, destacou a ONU.

“O ataque é parte de um padrão altamente preocupante de uso ilegal de força pelas Forças de Segurança de Israel durante operações militares na Cisjordânia, que causou danos generalizados aos palestinos e danos significativos a edifícios e infraestrutura”, comentou o Escritório de Direitos Humanos da ONU.

Em outro ponto, a nota ressalta: “Este incidente é outro exemplo claro do recurso sistemático das Forças de Segurança de Israel à força letal na Cisjordânia, que é frequentemente desnecessário, desproporcional e, portanto, ilegal”.

Por fim, o Escritório de Direitos Humanos da ONU pediu que Israel realize uma “investigação completa, rápida, independente e transparente” do caso e que os autores sejam responsabilizados.

De acordo com a agência, desde 7 de outubro de 2023, Israel matou 697 palestinos na Cisjordânia, incluindo 161 crianças e 12 mulheres, sendo 186 vítimas ataques aéreos.

Somente em Tulkarem, as forças israelenses mataram 174 palestinos, incluindo 88 por ataques aéreos, ainda segundo a ONU.

Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio

O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.

São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.

Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos.

O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.

As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas.

No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.

Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades.

Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.

Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino.

Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense. A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.

O líder do Hamas, Yahya Sinwar, segue escondido em túneis na Faixa de Gaza, onde também estariam em cativeiro dezenas de israelenses sequestrados pelo Hamas.