20/06/2023 às 18h12min - Atualizada em 21/06/2023 às 00h04min

Desafiador, Braille abre portas para mundo do conhecimento

Aprender o sistema de escrita e leitura tátil é um passaporte para a independência e inclusão

SALA DA NOTÍCIA Ieda Aparecida Rodrigues
Lettera Comunicação
Divulgação
O Braille, sistema de escrita e leitura tátil composto por combinação de pontos em relevo, é uma ferramenta poderosa que permite às pessoas cegas e com baixa visão terem acesso à informação de forma autônoma. Dominar essa linguagem pode ser desafiador, mas abre as portas para um mundo de conhecimento e comunicação. É um passaporte para a independência pessoal e a inclusão social e profissional atestam alunos de várias partes do Brasil que aprendem Braille no projeto Enxergando o Futuro.
 
Com o Braille, a pessoa cega ou com baixa visão se torna mais autônoma em suas atividades treinadas, aumentando sua autoconfiança e capacidade de enfrentar desafios. Além disso, o domínio do sistema de escrita e leitura favorece o crescimento profissional já que torna possível acessar materiais educacionais, documentos de trabalho e se comunicar de maneira eficiente. E isso aumenta as oportunidades de emprego e amplia o leque de possibilidades de carreira.
 
O Braille também beneficia a inclusão social. Ao dominar a linguagem, as pessoas cegas ou com baixa visão podem se comunicar de forma mais efetiva com o mundo ao seu redor. A troca de informações, a participação em atividades culturais e a interação com outras pessoas se tornam mais acessíveis, promovendo uma inclusão mais ampla e significativa.
 
Aprender Braille pode ser desafiador no início, assim como qualquer processo de aprendizagem, como de um novo idioma. Exige persistência, dedicação e constância. No entanto, os benefícios a longo prazo são inestimáveis e recompensadores, afirma Daniela Reis Frontera, idealizadora e multiplicadora do Enxergando o Futuro, que ensina Braile a distância via plataforma digital e gratuitamente. “Assim como aprender qualquer outra habilidade, a prática regular e o envolvimento em atividades que estimulam o uso do Braille são fundamentais”, comenta.
 
Com baixa visão, Sara Vitória, que mora em Campinas (SP), e se forma em Braille em agosto, conta que ler com as pontas dos dedos está mudando sua vida para melhor porque lhe deu mais independência e mobilidade. Ela iniciou o curso no Enxergando o Futuro há cerca de três anos e foi nesta época que teve mais dificuldades. “Para mim, a parte mais difícil foi o início do curso, a teoria, como usar os materiais e a sentir os pontos com os dedos. Pedi ajuda e os administradores do curso, que muito me auxiliaram, persisti e aprendi o Braille”, afirma.
 
Com retinhos pigmentar e perdendo a visão dia a dia, Yanna Sthefane, que mora em Palmares (PE), teve seu primeiro contato com o Braille há quase dois anos também no Enxergando o Futuro. “Confesso que na introdução do curso ficava confusa, mas a professora explicou como funciona o sistema e aí levei à frente os estudos sempre muito focada”, conta ela, que se forma em agosto. “Hoje leio e escrevo em Braille. Inclusive já li livro, coisa que há muito tempo não fazia. Em casa etiquetei em Braille vários ingredientes da dispensa, como açúcar e sal, e meus CDs. Assim, não preciso perguntar a ninguém quando quero usar. É independência”, resume.
 
Também com baixa visão, a farmacêutica Lucilene Ferreira Maciel, de São Bernardo do Campo (SP), não esconde que o curso de Braile no início foi muito difícil. “É como um novo idioma, um desafio. Mas tive apoio total dos administradores, da própria Daniela (fundadora do projeto) e do Ricardo e da professora Grazi. Acabei ficando afastada por três meses devido a problemas pessoais, mas voltei porque sei que preciso do Braille. Agora estou na última etapa e vou concluir em agosto”, relata ela.
 
Em inglês
 
O Enxergando o Futuro ensina Braille não apenas em português. Com perda de visão, a professora de inglês Maria Aparecida Oliveira, de São Paulo, percebeu que precisava a aprender o sistema de leitura com as pontas dos dedos. “Mas em função da minha profissão, tenho mais facilidade com o inglês do que com o português. No português acho complicada pontuação e acentuação. Então, como o Enxergando o Futuro tem uma professora brasileira que fala inglês, passei a fazer todas as atividades em inglês. Hoje já me viro em Braille. Me ajuda a fazer compras e principalmente na comunicação com meus alunos deficientes visuais”, acrescenta.
 
Ao avaliar o histórico dos alunos que passaram pelo Enxergando o Futuro, desde 2019, Daniela afirma que aprender Braille é uma jornada de crescimento pessoal e profissional. “Com dedicação e perseverança, o Braille se torna um meio de comunicação poderoso e uma ferramenta para conquistar independência e igualdade de oportunidades”, finaliza. Ela aproveita para informar que as inscrições para nova turma do curso estão abertas. O interessado deve entrar em contato pelo WhatsApp (14) 99740-8217.
 
Para saber mais sobre o projeto, visite:
 
https://enxergandoofuturo.com.br/
https://www.youtube.com/enxergandoofuturo
https://www.linkedin.com/company/enxergando-o-futuro/               
https://www.instagram.com/enxergandoofuturo/
https://www.facebook.com/projetoenxergandoofuturo
 

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