Dois anos após rombo bilionário das Americanas, ninguém foi punido

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Dois anos após rombo bilionário das Americanas, ninguém foi punido

Somente executivos, como pessoas físicas, foram indiciados. Miguel Gutierrez, ex-presidente da Americanas, Anna Saicali, (ex-presidente da B2W, que era o braço de comércio eletrônico da empresa), José Timotheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, ambos ex-vice-presidentes da Americanas e mais 11 diretores são os únicos que responderão a processos na Justiça.

Anna Christina Ramos Saicali, se mudou para Portugal. Mas em junho passado retornou ao Rio de Janeiro. Ela não foi presa, mas teve o passaporte retido e está proibida de deixar o país.

Miguel Gutierrez, que chegou a ser preso na Espanha, responde ao processo em liberdade. Em agosto, o TRF02 (Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro”, concedeu habeas corpus ao ex-executivo.

Em novembro, os atuais acionistas da Americanas aprovaram a abertura de ações de responsabilidade civil contra os ex-diretores da companhia. Eles são acusados de terem criado, por mais de dez anos, números e balanços fictícios que escondiam a real situação de crise da empresa.

Não punir a companhia é um erro, segundo Silva, presidente do Instituto Empresa. “Isso cria brechas para que casos como esse se repitam e já se repetiram. A Americanas não foi a primeira e nem vai ser a última”, diz ele, citando o exemplo do IRB Brasil Resseguros (IRBR3). Em 2020, Fernando Passos, que havia sido diretor financeiro do IRB, criou, conforme acusação do Departamento de Justiça americano, uma história falsa para atrair investidores.

Hoje, as lojas da rede — que eram 1,8 mil na época e agora são 1,6 mil — funcionam concentrando as vendas em pequenos itens, como calcinhas, bombons e ventiladores. O MPF (Ministério Público Federal) e a Polícia Federal ainda investigam quem são os responsáveis. O MPF disse que não pode se manifestar porque o processo está sob sigilo. No âmbito criminal, são dois inquéritos em andamento: um que apura o crime de manipulação do mercado e outro que apura o crime de vazamento de informações (insider trading).