Dívidas de empresas em recuperação extrajudicial aumentam 320% em 2024

3 leitura mínima
Dívidas de empresas em recuperação extrajudicial aumentam 320% em 2024

Recuperação extrajudicial permite à empresa renegociar dívidas diretamente com os credores, sem a necessidade de um processo judicial. Porém, lembra Marcelo Morel Giraldes, sócio da área de Contencioso Cível e Arbitragem do escritório Miguel Neto Advogados, o plano precisa ser homologado pelo Judiciário.

A principal diferença é que, na recuperação extrajudicial, a negociação ocorre de forma mais privada e direta entre a empresa e os credores, enquanto a recuperação judicial envolve o Judiciário desde o início do processo. A extrajudicial tende a ser mais rápida e menos onerosa, mas depende do consenso entre as partes.
Marcelo Morel Giraldes, sócio da área de Contencioso Cível e Arbitragem do escritório Miguel Neto Advogados, o plano precisa ser homologado pelo Judiciário

Aumento de pedidos tem relação com as dificuldades financeiras enfrentadas pelas companhias. A opinião é de Luís Alberto de Paiva, economista, especialista em reestruturação financeira de empresas, diretor da Corporate Consulting e membro do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças. O cenário econômico desafiador, com altas taxas de juros e instabilidade, também incentiva empresas a renegociarem dívidas de forma preventiva.

Embora o Brasil tenha mostrado sinais de recuperação em alguns setores, muitas empresas ainda enfrentam dificuldades. Parte disso é reflexo da pandemia de covid-19, que enfraqueceu o caixa de diversas companhias. O cenário atual revela a necessidade contínua de reestruturação para manter a viabilidade de negócios.
Luís Alberto de Paiva, economista, especialista em reestruturação financeira de empresas, diretor da Corporate Consulting e membro do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças

Demora na sentença também pesa a favor da negociação extrajudicial. Conforme o levantamento da Obre, o estado que tem a Justiça mais lenta é o Rio Grande do Sul: 308 dias, em média (quase 10 meses), levando em conta que o processo corre em uma vara especializada. Nos estados onde não há, Mato Grosso lidera, com 539 dias (quase dois anos). “Os devedores levam muito tempo para tomar essas decisões, e acabam fazendo quando não conseguem mais girar as atividades, já não tem mais crédito e as empresas estão desabastecidas”, afirma Giraldes.

Paraná ocupar segunda colocação na lista é algo que surpreende. Segundo Paiva, a região é conhecida por ter uma economia diversificada e tradicionalmente mais estável. “No entanto, setores como o industrial e o de serviços foram fortemente impactados por oscilações cambiais, aumento dos custos de produção e restrição de crédito”, aponta.