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Principal ponto de passagem da cocaína colombiana e peruana que cruza os rios da Amazônia, na cidade brasileira de Tabatinga convencionou-se acreditar que não existe bala perdida. Há olheiros de facções em cada esquina. Embora não seja um grande consumidor de droga, até pouco tempo atrás o município de 70.000 habitantes era palco frequente de acertos de contas entre criminosos que disputavam o traslado de entorpecentes pela região. No porto, a fiscalização das embarcações e transeuntes é praticamente nula. Dos barcos saltam frutas, engradados de bebida, galões de combustível. Tudo é tratado como potencial repositório de droga, mas falta braço para a polícia. A dura realidade atual de Tabatinga foi vivenciada tempos atrás pela vizinha Letícia, que nas décadas de 1980 e 1990 abrigou duas casas do notório narcotraficante Pablo Escobar.
Um dos imóveis foi reduzido a pó e, ao lado de um conhecido hotel da região, é hoje apenas um canteiro de obras. O segundo, em ruínas, está a poucos passos da Polícia Nacional colombiana. O mato tomou conta das paredes ainda de pé, e carros são desovados para serem consumidos pelo tempo. “Nós como polícia, como instituição, perdemos muitos homens, muitos homens caíram na luta contra esta substância [cocaína]. A instituição se fortaleceu e não vamos baixar a cabeça na luta contra o microtráfico, contra os entorpecentes e contra os narcotraficantes”, disse a VEJA Santiago Garavito, comandante do QG da Polícia Nacional em Letícia.
Tudo na morfologia dos rios da região é, de certa forma, bônus para o tráfico. Em época de cheia, os chamados rios penetrantes, que nascem em territórios vizinhos e entram no Brasil por estados como Amazonas e Acre, formam verdadeiras autoestradas da cocaína. São duas as principais portas de transporte da droga: pelo rio Negro, que nasce na Colômbia, atravessa a Venezuela e chega ao Brasil pelo estado do Amazonas; e pelo Solimões, cujos afluentes funcionam como ponto de fuga da polícia e vetor para trasladar os entorpecentes por regiões menos monitoradas.
Qual o papel de dissidentes das Farc no tráfico de drogas?
Com um país cujo passado foi devastado pelo tráfico de drogas, Garavito destaca que até poucos anos o capo do narcotráfico em território nacional era o líder dissidente das Farc, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Gentil Duarte. Depois da desmobilização da guerrilha colombiana em 2016, ele foi dado como morto em 2022.
Se no Brasil a facção carioca Comando Vermelho é hegemônica na região ao Alto Solimões, que reúne cidades e vilarejos na chamada Tríplice Fronteira Amazônica, hoje há uma profusão de registros da atividade criminosa de pelo menos dois grupos de dissidentes das Farc que não aceitaram o acordo de paz com o governo colombiano – Carolina Ramirez e Frente Armando Ríos – no movimentado mercado do tráfico de drogas entre Brasil, Colômbia e Peru. Longe dos olhos das autoridades
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