Celso Amorim sobre Zelensky: “Não sei se ele está incomodado”

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Celso Amorim sobre Zelensky: “Não sei se ele está incomodado”

Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República, disse não saber se Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, está “incomodado”, após críticas ao Brasil e à China por uma proposta para o fim da guerra contra a Rússia.

“Não me falou, não percebi”, comentou Amorim.

O ex-chanceler falou à imprensa após uma reunião com representantes da China para chamar países para aderirem a uma proposta diplomática para o fim do conflito entre Rússia e Ucrânia, às margens da Assembleia Geral, na sede da ONU, em Nova York.

A iniciativa, nomeada “Friends for Peace”, prevê o estabelecimento de condições necessárias para a paz por meio de vias diplomáticas — não por vias militares.

Amorim comentou que não houve dissenso entre as delegações presentes, mas que Emirados Árabes Unidos não poderiam assinar o documento por estarem envolvidos em negociações. Além disso, o México abordou problemas com “preocupações legítimas de segurança”.

“Acho um primeiro passo. Já tínhamos assinado em maio, mas tava só Brasil e China. Agora tem uma participação ampla. Fiquei muito satisfeito com o ministro Mauro Vieira também ter participado, porque deu uma maior institucionalidade”, comentou o ex-chanceler.

“Levou tempo, porque leva tempo para as pessoas se convencerem de que outros caminhos não tão levando a lugar nenhum. Mas conseguimos, é só um grupo de amigos, de países amigos da paz. Não é ‘amigos da Rússia’, nem ‘amigos da Ucrânia’, só. É ‘amigos da paz’”, concluiu.

Na reunião desta sexta, estiveram presentes também representantes das delegações de França, Suíça, Vietnã, Tailândia, Etiópia e Colômbia.

Amorim comentou, por fim, que Rússia e Ucrânia serão “parte do processo quando o momento certo chegar”.

Crítica de Zelensky e fala de Lula

Em discurso na Assembleia Geral da ONU na quarta-feira (25), Volodymyr Zelensky criticou o Brasil e a China pela proposta de paz apresentada para a guerra na Ucrânia.

“Precisamos deixar claro: a guerra acabou. Esta é a fórmula da paz. Que parte disto poderia ser inaceitável para qualquer um que defenda a Carta da ONU? Se alguém no mundo busca alternativas para qualquer um destes pontos ou tenta ignorar qualquer um deles, provavelmente significa que eles próprios querem fazer parte do que Putin está fazendo: o ponto que eles ignoram revela o desejo que eles estão escondendo”, declarou Zelensky.

Em coletiva de imprensa no mesmo dia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou que não há “solução militar” para a guerra na Ucrânia.

“Há uma proposta da China que vem sendo elogiada por algumas pessoas junto com o Brasil e estamos dispostos a saber se os dois países estão interessados em conversar, porque, se os dois não quiserem, não tem conversa”, adicionou Lula na ocasião.