Campos Neto: “Espero que meu sucessor não seja julgado pela camisa que ele veste”

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Campos Neto: “Espero que meu sucessor não seja julgado pela camisa que ele veste”

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a dizer que espera que seu sucessor no posto “não seja julgado pela cor da camisa que ele veste”, mas sim pelas decisões que toma à frente da autarquia.

Em palestra no Macroday do BTG Pactual nesta segunda-feira (20), o banqueiro central, que termina o mandato em 31 de dezembro deste ano, também deu outros recados ao futuro presidente do BC.

“Espero que meu sucessor não seja criticado, não seja julgado pela cor da camisa que ele veste, ou se ele foi a festa, ou se participou de uma homenagem de um jeito ou de outro, mas que seja julgado pelas decisões técnicas que ele tomou. Eu tenho certeza que quem está no BC não tem como não estar perto do governo de parlamentares, porque você precisa fazer esse trabalho para aprovar seus projetos, mas precisa ter a capacidade de diferenciar o que é proximidade e o que é autonomia e independência”, disse.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem criticando duramente a atuação de Campos Neto nos últimos meses. Dizendo inclusive que o banqueiro central tem “atuado contra o Brasil” e que ele teria “lado político”.

Segundo o presidente, isso teria sido demonstrado em encontros com o governador de São Paulo Tarcisio de Freitas, um dos principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e principal nome do partido rival para concorrer às eleições em 2026 – no encontro, Campos Neto teria sido sondado para futuro ministro da Fazenda caso Tarcisio vença, o que já foi negado pelo banqueiro central diversas vezes.

Ainda no MacroDay, Campos Neto reforçou que não quer atuar na iniciativa pública, embora os últimos anos tenham sido “excelentes”, e que está concentrando as forças na transição de comando – que deve acontecer já nas próximas semana – para que “as pessoas entendam que tudo tem continuidade” e que o BC continue perseguindo a meta de inflação, mesmo que isso signifique subir juros.

O nome mais provável para assumir o BC é o do diretor de política monetária, Gabriel Galípolo. O economista, que foi número dois do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já declarou publicamente que fará “o que for preciso” para perseguir a meta de inflação, inclusive aumentar juros. Ele deve ser sabatinado no Senado Federal antes das eleições municipais marcadas para outubro.

“Preciso me concentrar todas as forças na transição do Banco Central para fazer uma transição suave para que as pessoas entendam que tudo tem continuidade, que o BC vai perseguir a meta, vai trabalhar de forma técnica e que a gente faz uma transição suave para ganhar amadurecimento melhorar a institucionalidade e melhorar para o que vem depois de mim”, pontuou.