Caindo na real: Meghan tenta se reinventar como influenciadora digital

6 leitura mínima
Caindo na real: Meghan tenta se reinventar como influenciadora digital
INFLUENCER - Em casa, flagrada para a TV: a ideia é estar no holofote
INFLUENCER - Em casa, flagrada para a TV: a ideia é estar no holofote (./Netflix)

Continua após publicidade

O último ano foi de raro silêncio para Meghan, a duquesa de Sussex. Desde que trocou a vida de atriz nos Estados Unidos pela de nobre britânica, ao se casar com o príncipe Harry e, sobretudo, após o casal deixar para trás os deveres reais e o próprio Reino Unido, em 2020, Meghan foi engolida por um furacão de drama — que, para o bem ou para o mal, ela alimentou ao expor picuinhas e denunciar racismo no Palácio de Buckingham. Mas sua turbulenta onipresença nas manchetes dos tabloides foi arrefecendo, ela saiu das redes sociais e recolheu-se à mansão em Montecito, na Califórnia, com uma ou outra aparição. Eis que no primeiro dia de 2025, Meghan ressurgiu no Instagram, depois de quase seis anos de ausência, em um vídeo enigmático, em que aparece correndo pela praia, toda sorrisos, e escreve “2025” com o dedo na areia. No dia seguinte, outra surpresa: um trailer de Com Amor, Meghan, série que estreia na Netflix no dia 15 e acompanha a duquesa em atividades como jardinagem, culinária e até apicultura ao lado de celebridades e chefs de renome. Bem-vindos à era de Meghan, influenciadora digital.

No Instagram, onde arrebanhou 1,4 milhão de seguidores em dois dias, a duquesa promete mostrar um pouco de sua vida doméstica. No reality show de oito episódios, gravado em uma casa alugada, pretende promover um estilo de vida descomplicado e saudável (ainda que com joias e maquiagem impecável). É torcer para dar certo. Tanto Meghan quanto Harry (que estreou uma mal falada série sobre o jogo de polo) entendem que o público cansou de ouvi-los desancar a monarquia e que precisam se reinventar como… bem, como outra coisa.

A trilha pela qual a duquesa envereda na Netflix lhe é familiar. Antes de integrar a nobreza, ela, então atriz do seriado Suits, cultivava um blog com dicas de beleza e viagem, moda e receitas — que fechou em 2017, quando assumiu o relacionamento com Harry.

O príncipe, aliás, aparece uns poucos segundos no trailer da série, em uma cena em que o casal se abraça. Mensagem 1: continuam juntos e bem. Mensagem 2: o palco é dela. “Duquesa” é palavra que não se vê em nenhum dos dois projetos — embora conste, discretamente, no cartão de Natal do casal, uma colagem de fotos que inclui a rara imagem (de costas) dos filhos ruivinhos, Archie, 5 anos, e Lilibet, 3. “Parece que ela quer provar que pode ser uma estrela lucrativa por si só”, avalia Kathryn Lamontagne, professora de história britânica da Universidade de Boston.

FAMÍLIA - Cartão de Natal: foto raríssima com Harry e os filhos, além dos cães
FAMÍLIA - Cartão de Natal: foto raríssima com Harry e os filhos, além dos cães (The Archewell Foundation/.)

Continua após a publicidade

O contrato milionário que assinaram com a plataforma de streaming já havia rendido uma série-documentário sobre o relacionamento dos dois, sem grande apelo. Em outra seara, a literária, Harry viu sua bombástica autobiografia, que no Brasil ganhou o título infame de O que Sobra, virar best-seller imediato — mas a reedição estacionou na rabeira da lista de mais vendidos. A aposta de Meghan no Spotify também fracassou, com o cancelamento do seu podcast, Archetypes, por falta de audiência. Por fim, a American Riviera Orchard, marca que a duquesa apresentou em março passado para comercializar geleias e compotas, nunca deslanchou.

A investida agora como influenciadora de estilo de vida terá de superar obstáculos, sendo o maior deles a vasta parcela dos admiradores de royals que coloca Meghan no papel de bruxa de seu conto de fadas — uma tropa que inundou as redes de memes e comentários depreciativos no seu retorno aos holofotes. Coincidência ou não, Thomas, o pai de Meghan, que fez de tudo para ganhar dinheiro com a fama da filha mas é retratado nos tabloides como um pobre velhinho abandonado, escolheu justo o começo do ano para anunciar que vai se mudar da casa no México para “o outro lado do mundo” para se afastar do “drama horrível” dos últimos anos.

Outra dor de cabeça é a variada concorrência, encabeçada pelas maluquices de Gwyneth Paltrow na plataforma Goop e pela decana Martha Stewart, que retomou seu espaço depois de uma temporada na prisão. “Meghan tem uma chance de tentar mostrar quem realmente é. Mas sua marca ainda parece desconectada da realidade”, avalia a historiadora real e escritora Sue Woolmans. No mundo dos influenciadores, porém, os algoritmos não distinguem engajamento por amor e ódio. Goste-se ou não, a duquesa está de volta.

Publicado em VEJA de 10 de janeiro de 2025, edição nº 2926

  • Família Real
  • Meghan Markle
  • Príncipe William
  • Reino Unido

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.