Até Dilma daria um pito em Lula no caso da inflação dos alimentos

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Até Dilma daria um pito em Lula no caso da inflação dos alimentos
O presidente Lula e a presidente do banco dos Brics, Dilma Rousseff, em Xangai, em abril
O presidente Lula e a presidente do banco dos Brics, Dilma Rousseff, em Xangai –  (Ricardo Stuckert/Divulgação)

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Ao lado da crise do Pix, a inflação dos alimentos ajudou a derrubar a popularidade do presidente Lula, que, segundo pesquisas recentes, enfrenta pela primeira vez mais rejeição do que aprovação no exercício do mandato. Diante da carestia, auxiliares do petista cogitaram até medidas heterodoxas para tentar baixar o custo da comida, mas a tentação intervencionista, felizmente, acabou deixada de lado.

O presidente foi convencido de que não há medida mágica capaz de derrubar os preços e de que a queda do dólar e a supersafra brasileira ajudarão a aliviar a conta do supermercado. Lula parecia trilhar um bom caminho até que numa entrevista delegou ao povo a tarefa de controlar a inflação: “Se você vai ao supermercado e desconfia que tal produto está caro, você não compra. Se todo mundo tiver consciência e não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai ter de baixar para vender, porque senão vai estragar”.

Mesmo a ex-presidente Dilma Rousseff, que não era propriamente aclamada pelo tirocínio político, censuraria essa declaração de Lula. Foi o que ela fez em 2014, quando, em campanha à reeleição, tachou de “extremamente infeliz” a fala de um secretário do governo que recomendou à população substituir carne por ovo para driblar a inflação.

Peso eleitoral

Com meio século de vida pública e seis candidaturas presidenciais no currículo, Lula conhece como poucos o impacto político da inflação e da carestia dos alimentos. Nas campanhas de 1994 e 1998, ele perdeu para o tucano Fernando Henrique Cardoso, eleito e reeleito depois de domar o dragão que corroía o poder de compra da população.

Já em 2022, o petista explorou o aumento do preço da comida para derrotar Jair Bolsonaro. Naquele ano, uma das propagandas do PT na televisão perguntava o que era possível comprar com 100 reais. As imagens mostravam que na gestão de Bolsonaro o trabalhador levava pouca coisa para casa, como um pacote de salsicha, uma dúzia de ovos e um litro de leite. A locutora, então, emendava: “Nos tempos do Lula, você comprava isso e muito mais, o lanche das crianças, pão, cafezinho, a feira, a carne do almoço e também a do churrasquinho do fim de semana”.

A promessa, transformada em símbolo da campanha, era de picanha barata e cerveja para acompanhar. Depois de dois anos de mandato, ela não foi cumprida, e o encarecimento dos alimentos ajudou a derrubar a popularidade do governo. O bolso é uma das partes mais sensíveis do eleitor.

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