
Continua após publicidade
O Governo do Estado do Rio anunciou em comunicado oficial que o Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (Aperj) vai fechar por tempo indeterminado devido ao risco iminente de incêndio e condições estruturais obsoletas. O prédio está com sistema elétrico antigo e, além disso, não possui alvará de funcionamento emitido pelo Corpo de Bombeiros.
VEJA MAIS: Destruído por incêndio, Museu Nacional começa a reunir novas coleções
O anúncio de fechamento revela mais um capítulo alarmante de descaso com a memória histórica e cultural do Brasil. O diretor da instituição, Victor Travanca, assegurou que a equipe está empenhada em viabilizar as reformas necessárias, mas não apresentou uma data para a reabertura. Paralelamente, as irregularidades encontradas serão levadas ao Ministério Público e à Justiça para que as responsabilidades sejam apuradas e as medidas cabíveis tomadas. No entanto, o fechamento do Aperj escancara um padrão recorrente de abandono de instituições dedicadas à preservação da memória pública no país.
Negligência com o passado
O Brasil tem uma história trágica de negligência em relação a seu patrimônio histórico e cultural. Em 2018, o incêndio que consumiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, destruiu cerca de 90% de seu acervo, incluindo peças inestimáveis da história natural e cultural preservadas por séculos. Mais recentemente, a Cinemateca Brasileira, em São Paulo, enfrentou um incêndio em 2021, que resultou na perda de parte de seu acervo audiovisual, um dos mais importantes da América Latina. Assim como no caso do Arquivo Público, problemas estruturais, cortes de verbas e gestão precária contribuíram para essas tragédias.
Outras instituições, como o Museu da Língua Portuguesa, também enfrentaram calamidades, como o incêndio de 2015, embora tenham conseguido se reerguer com esforços conjuntos da sociedade e do poder público. No entanto, esses episódios reiteram a vulnerabilidade do patrimônio brasileiro diante da falta de investimento consistente e planejamento a longo prazo.
Continua após a publicidade
A Relevância do Arquivo Público
Com mais de 93 anos de história, o Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro guarda mais de 30 mil peças históricas que remontam ao século XVIII. Seu acervo inclui documentos textuais, audiovisuais, cartográficos e bibliográficos, fundamentais para o estudo da história fluminense e do Brasil. Entre os itens mais procurados estão os arquivos das Polícias Políticas do Rio de Janeiro, como os registros do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), que atuou na repressão durante a ditadura militar iniciada em 1964. Esses documentos são imprescindíveis para pesquisadores e para a memória da luta pelos direitos humanos no país.
- Patrimônio Cultural
- Patrimônio Histórico
PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
