Anvisa aprova tratamento contra bactérias super-resistentes

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Anvisa aprova tratamento contra bactérias super-resistentes

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou recentemente o uso do antibiótico Recarbrio, da farmacêutica MSD, para o tratamento de pneumonias hospitalares causadas por bactérias super-resistentes. A aprovação foi baseada nos resultados do estudo clínico que avaliou a eficácia e a segurança do medicamento para tratamento de pneumonia hospitalar adquirida e pneumonia associada à ventilação.

Atualmente, a pneumonia adquirida no hospital é uma das infecções mais comuns relacionadas à assistência à saúde, com alta morbidade e mortalidade. As bactérias gram-negativas são consideradas super-resistentes e são os principais agentes causadores de infecções hospitalares, representando 70% dos casos, com destaque para Klebsiella sp, Escherichia coli e Pseudomonas sp.

Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a resistência bacteriana como uma das maiores ameaças à saúde pública global. Em maio deste ano, a entidade divulgou uma lista com 15 bactérias mais perigosas para a saúde humana por serem resistentes a antibióticos e classificou as bactérias gram-negativas como prioridade crítica.

“Apesar dos avanços na área da saúde, as infecções hospitalares continuam a ser uma causa significativa de doenças e mortes. Frequentemente, essas infecções são causadas por organismos resistentes, por isso é tão importante trazermos esse medicamento para o Brasil, pois é uma nova opção terapêutica que vem para ajudar os profissionais de saúde no atendimento e cuidado a seus pacientes”, avalia a diretora médica da MSD no Brasil, Márcia Datz Abadi.

O que é Recarbrio e para que serve?

O Recarbrio é um antibiótico indicado para adultos acima ade 18 anos em tratamento de pneumonia bacteriana adquirida em hospital e pneumonia bacteriana associada à ventilação causada pelas bactérias Acinetobacter calcoaceticus-baumannii, Enterobacter cloacae, Escherichia coli, Haemophilus influenzae, Klebsiella aerogenes, Klebsiella oxytoca, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa e Serratia marcescens.

A eficácia e a segurança do antibiótico foram avaliadas no estudo de fase 3 RESTORE-IMI 2. Nele, 537 adultos internados com pneumonia bacteriana hospitalar em 113 hospitais. Eles foram divididos de forma aleatória para receber uma dose de Recarbrio ou uma dose de PIP/TAZ (piperacilina 4000 mg/tazobactam 500 mg), cada um administrado por via intravenosa a cada seis horas durante sete a 14 dias.

Segundo o estudo, o Recarbrio foi mais eficaz para reduzir a incidência de mortalidade por infecção bacteriana hospitalar do que o PIP/TAZ. A mortalidade por todas as causas em 28 dias foi de 15,9% em pacientes tratados com o antibiótico, em comparação com 21,3% naqueles tratados com PIP/TAZ. A resposta clínica no acompanhamento precoce foi de 61% para o Recarbrio e 55,8% para o grupo tratado com PIP/TAZ.

A resistência antimicrobiana acontece quando bactérias, vírus, fungos e parasitas deixam de responder aos medicamentos, tornando as pessoas mais doentes e aumentando o risco de propagação de doenças e de morte.

No caso das bactérias, esse fenômeno é conhecido como resistência a antibióticos e os microrganismos que apresentam essa resistência são chamados de “superbactérias“.

De acordo com a OMS, a resistência é motivada, na maioria, pelo uso indevido e excessivo de antibióticos por parte dos pacientes.

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