Os armazéns da Amazon são especialmente perigosos para os trabalhadores durante o evento anual Prime Day da empresa, bem como na temporada de férias, de acordo com uma investigação do Senado dos Estados Unidos.
O Prime Day, realizado nos EUA entre a terça-feira (16) e a quarta-feira (17) desta semana, é “uma das principais causas de ferimentos para os trabalhadores do depósito que o tornam possível”, apontou um relatório divulgado na segunda-feira (15) pelo senador Bernie Sanders, que preside o Comitê do Senado sobre Saúde, Educação, Trabalho e Pensões.
O relatório observou “as condições extremamente inseguras nos depósitos da Amazon” durante os dois períodos de pico e pediu que a empresa fizesse mais para proteger os trabalhadores do depósito.
Durante a investigação em andamento, o comitê descobriu que o Prime Day e a temporada de férias na Amazon são caracterizados por um “volume extremamente alto” de trabalho e “pressão intensa para trabalhar longas horas e ignorar as diretrizes de segurança”.
O relatório torna públicos, pela primeira vez, os dados internos da empresa sobre as taxas de lesões em depósitos.
Os dados mostram que durante o Prime Day 2019, a taxa de lesões “registráveis” — aquelas que a Amazon é obrigada a divulgar à Administração de Segurança e Saúde Ocupacional (OSHA) — excedeu 10 por 100 trabalhadores, mais que o dobro da média na indústria de armazenagem e armazenamento dos EUA.
Mas a taxa total de lesões da Amazon, que inclui aquelas que a empresa não precisa relatar à OSHA, foi de pouco menos de 45 por 100 trabalhadores, segundo o relatório.
“Essas taxas de lesões são especialmente flagrantes à luz da receita incrível que a empresa gera e dos recursos que ela tem disponíveis para tornar seus armazéns seguros para os trabalhadores”, acrescentou.
A Amazon arrecadou US$ 12,7 bilhões em vendas nos dias 11 e 12 de julho do ano passado, seu evento Prime Day 2023, e disse que 11 de julho foi o maior dia de vendas na história da empresa.
Nos primeiros três meses de 2024, a gigante do comércio eletrônico relatou um lucro de US$ 10,4 bilhões.
“A segurança e a saúde de nossos funcionários são e sempre serão nossa principal prioridade”, disse Kelly Nantel, porta-voz da Amazon, à CNN Internacional em uma declaração.
“E desde 2019, fizemos um progresso significativo — reduzindo nossa taxa de incidentes registráveis [que inclui qualquer coisa que exija mais do que primeiros socorros básicos] nos EUA em 28%.”
O porta-voz também questionou a taxa total de lesões citada no relatório do Senado, dizendo que ela veio de um documento interno de cinco anos atrás que tinha “metodologia falha e lacunas na pesquisa”, e que foi “rejeitado por especialistas especializados em análise de dados”.
O porta-voz acrescentou: “uma das falsas alegações no relatório implica que não temos pessoal adequado para períodos de compras movimentados. Isso simplesmente não é verdade, pois planejamos e contratamos cuidadosamente para grandes eventos, garantimos que temos capacidade excedente em nossa rede e projetamos nossa rede para que os pedidos sejam automaticamente roteados para sites que podem lidar com picos inesperados de volume”.
Ao longo dos anos, alguns trabalhadores da Amazon descreveram a experiência “extenuante” de longas horas correndo por armazéns que podem ter o tamanho de 28 campos de futebol, enquanto a empresa monitora cada movimento deles.
Em uma carta ao CEO da Amazon, Andy Jassy, no ano passado, Sanders escreveu: “a Amazon deve parar de pressionar os trabalhadores além dos seus limites. Em sua busca incessante por lucros, a Amazon sacrifica os corpos dos trabalhadores sob a pressão constante de um sistema de vigilância que impõe taxas impossíveis [de trabalho]. Quando confrontada com ferimentos de trabalhadores, a Amazon fornece cuidados médicos mínimos”.
A Amazon realiza o Prime Day em julho todo ano para aumentar os números de vendas durante os meses do verão norte-americano, que normalmente são fracos.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
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