A apresentadora do UOL, que já havia falado em sua coluna sobre a proposta brasileira de adiamento das tarifas e exclusão de setores, disse que as negociações com os EUA estão acontecendo em nível técnico, empresarial e politico.
As técnicas são negociações de bastidor, que o governo até então não tinha interesse em divulgar à mídia. Nem os próprios empresários e entidades setoriais que se reuniram nos últimos dias foram informados. Mas o próprio ministro Haddad disse, no começo da semana, que o Brasil nunca deixou a mesa de negociação.
Segundo um embaixador a par das conversas, “não se negocia pela mídia. Exige cautela e trabalho de bastidor”. Não sabemos se o pedido de Alckmin resultará em adiamento ou exclusão de alguns setores do tarifaço, mas as cartas estão sobre a mesa e o canal, por mais que não seja direto com a Casa Branca, existe e foi aberto desde abril, com mais de 10 reuniões de alto escalão quando o Brasil ainda estava no piso de baixo dos 10%. Parece um sonho perto do atual pesadelo.
Amanda Klein
Para Amanda Klein, no âmbito político, no entanto, Lula ignora os pedidos de setores empresariais e negociadores ao seguir retrucando e ironizando o presidente norte-americano.
Já no front político, quanto mais alta e alardeada for a crítica, melhor. Dos dois lados. Lula disse ontem que Trump não quer conversar e ainda ironizou: “Se ele estiver trucando, vai tomar um seis”. Referência a um suposto blefe e deixa no ar a possibilidade de Lula retaliar. O que vai na contramão do que os setores empresariais e negociadores pedem.
Se Lula adotar a lei da reciprocidade, com medidas tarifárias ou não-tarifárias – algumas citadas são quebra de patente de medicamentos, taxação de audiovisual ou big techs – a crise pode escalar ainda mais. E, como se não bastasse, voltou a chamar Trump de “imperador do mundo”.
Amanda Klein
